Conselhos Úteis aos Cuidadores

Alteração da fala (afasia):
Deve-se:
- Falar mais devagar que o habitual de preferência para o lado afectado;
- Usar frases simples e curtas;
- Dar a informação de uma só vez;
- Fazer uma pergunta e aguardar pela resposta;
- Encorajar o doente a falar.

Dificuldades em comer:
Deve-se:
- Encorajar o doente a comer sozinho, mesmo que com preparação prévia da comida;
- Se necessário a utilização de ajudas técnicas.

Disposição do quarto:
O doente deve ficar voltado para o centro do quarto. A mesa de cabeceira deve ficar do lado afectado de forma a estimular o mesmo.

Acamamento:
A imobilidade do doente é um factor de risco para o aparecimento de escaras (feridas). Para prevenir este factor deve-se:
- Repartir o peso corporal, alternando o posicionamento do doente de 2 em 2 horas;
- Manter o leito limpo, seco e sem rugas;

Posicionamento na cama:
Decúbito dorsal (barriga para cima):
 - Cabeça apoiada numa almofada;
- Uma almofada por baixodo ombro afectado;
- Braço afastado do corpo, esticado com a palma da mão virada para cima;
- A perna afectada não deve ser mantida em extensão, deve-se colocar uma almofada por baixo do joelho.

Decúbito ventral (barriga para baixo):
- Pés fora do colchão, para que os dedos dos pés não fiquem flectidos);
- Almofada da cabeça de tamanho pequeno;
- Cara virada para um dos lados, de preferência para o lado afectado;
- Braço afastado do corpo e pouco flectido;

Decúbitos laterais (deitar de lado):
Deve-se ter cuidado com o membro superior afectado, que nunca deve ser deixado sobre pressão, com o afastamento dos membros inferiores, através do uso de almofadas;
A - Virado para o lado bom
B – Virado para o lado afectado

Transferências:
Deitado para de lado:
O doente deve rodar inicialmente com ajuda, sendo essa ajuda retirada com a sua evolução;

Deitado para sentado:
Ao sentar-se deve ter em atenção o uso do braço afectado de forma a evitar o deslocamento do ombro (luxação) e ajudar a colocar os membros inferiores fora da cama;

Sentado para de pé:
Para levantar o doente deve ter em atenção dois aspectos importantes: suportar o braço afectado (para evitar o deslocamento do ombro); colocar os nossos joelhos entre os joelhos do doente, para o trancar;

Uso de bengala:
A bengala só se usa com aconselhamento do fisioterapeuta ou do médico. Quando usada sem aconselhamento produz uma sensação falsa de segurança, favorece a assimetria e dificulta a transferência de peso, resultando numa marcha anormal;

Posição de sentado:
Na posição de sentado é importante a posição do braço afectado. O ombro deve ser mantido afastado do corpo e o cotovelo parcialmente flectido. O braço deve ser sustentado por uma almofada para impedir a luxação do ombro;
Uso de bolas:
É vulgar ser dado ao doente uma bola para fazer exercícios à mão lesada. A não ser por aconselhamento do fisioterapeuta ou do médico, o doente não deve usar nenhuma bola, pois o que é correcto é exercícios para ajudar a abrir a mão e os dedos;


Vestir:
O treino desta situação necessita de um período de tempo mais longo. Para o doente é por vezes um esforço enorme, o que lhe pode provocar irritação e consequentemente desmotivação. Se existe frustração à regressão e não progressão;
O familiar não pode ser rígido nas técnicas e é benéfico elogiar todos os pequenos progressos. Tentar sempre que as actividades sejam sempre com o lado afectado.

Princípios básicos:
- Não substituir o doente, apenas auxiliar;
- Motivá-lo a arranjar-se mesmo que não saia de casa;
- A roupa deve ser escolhida pelo doente;
- O lado afectado é o primeiro a vestir e o último a despir.

Adaptação do vestuário:
- Largo, desligado e com bastante elasticidade;
- É aconselhável os botões pequenos serem substituídos por uns maiores e a casa dos botões alargadas;
- Sapatos do tamanho adequado, que se adaptem bem ao pé e permitam estabilidade. Em vez dos atacadores utilizar os fechos autocolantes ou com elásticos laterais. Existe uma adaptação para os sapatos com atacadores como mostra a figura:
- O soutien é posto à volta da cintura com a parte de trás para a frente, de modo a apertar os colchetes e rodá-lo para a posição correcta; com a mão sã colocar a alça até ao ombro do lado afectado > ajustar o soutien do outro lado; por vezes é necessário encurtar as alças; um soutien com aperto à frente é preferível;

Vestir a camisa/casaco:
- A peça de roupa é desdobrada no colo do doente, com a parte da frente voltada toda para baixo e o colarinho junto aos joelhos;
- Em primeiro lugar entra a manga no braço afectado; punha a manga até ao cotovelo; com a mão sã puxa a peça de roupa até ao ombro e costas de forma a poder enfiar a outra manga no braço;

Despir a camisa/casaco:
- Com a mão sã desaperta os botões e punha pela camisa/casaco até ficar com o ombro livre; retira a manga do braço são; despe a manga do braço afectado, se necessário apoiando a mão afectada por baixo da coxa afectada.
      

Vestir as calças:
Com a mão sã:
- Cruza a perna afectada sobre a sã; coloca primeiro a calça na perna afectada até ao joelho; descruza a perna; coloca a calça na perna sã; punha as calças para cima o mais que poder; se usar suspensórios, já devem estar colocados nas calças; puxar o fecho éclair ou com o auxílio de uma argola ou uma fita colocada para o efeito;

Despir as calças:
- Com a mão sã desapertar o cinto, os botões ou o fecho éclair; se usar suspensórios retira-os com a mão sã de cima dos ombros; retira a calça da perna sã; retira a calça da perna afectada; se o doente não tem bom equilíbrio sentado, é preferível vestir ou despir as calças deitado na cama, para o conseguir o doente faz o exercício da ponte;

Para calçar as meias:
- Cruzar a perna afectada de modo a que o pé fique ao alcance da mão sã; Com a mão sã colocar a abertura da meia no pé afectado e puxar.

Higiene e conforto:
- Ter sempre em atenção aos hábitos anteriores do doente;
- Caso possível e se necessário, adaptar a casa de banho à incapacidade funcional do doente;
- Se a sanita for demasiado baixa deverá elevar-se o assento da mesma 8 a 15 cm;
- Colocar uma barra de apoio na parede junto à sanita ou fixa no chão, uma barra em ângulo rectos;
- Se não tiver sanita, utilizar um bacio alto;
- Não utilizar tapetes no chão da casa de banho;
- Para tomar banho, o mais conveniente é ser de duche, preferencialmente, num poliban, se não é possível na banheira. Nesta deve ser utilizado: Banco com encosto ou cadeira, com calços de borracha para garantir maior estabilidade; Um tapete de borracha com ventosas no fundo da banheira; Barras de apoio na parede lateral e no topo, visto que os problemas de equilíbrio são frequentes; Mangueira de chuveiro flexível.
  
Entrar e sair da banheira:
A cadeira fica paralela à banheira e o doente entra pelo lado bom agarrando-se com a mão ao bordo da banheira ou à barra de apoio. Depois coloca a perna boa dentro e com o braço bom coloca a perna afectada dentro da banheira.
Para sair é idêntico com excepção da cadeira de rodas que é colocada no outro lado e primeiro sai a perna má e depois a boa, depois o doente agarra com a mão a cadeira de rodas e senta-se.
Unhas:
- As unhas das mãos e dos pés devem ser mantidas curtas. A tesoura deve ser de pontas redondas. O doente pode necessitar de ajuda nesta tarefa.


Barba:
- É preferível utilizar uma máquina eléctrica de barbear;
- Sentar-se numa cadeira junto à mesa com um espelho à frente e com boa iluminação;
- Se o doente utilizar uma lâmina de barbear deve ser ensinado a colocar a mão afectada debaixo do queixo para apoiar a cabeça ou colocar o queixo sobre almofadas.

Pentear:
- Ensinar o doente a pentear-se com o braço são se o outro estiver plégico (ausência de força), ou em caso de parésia (diminuição da força muscular), estimulá-lo a mobilizá-lo utilizando um pente de cabo comprido. Ou ser colocada uma pega no pente;
- Se o doente não conseguir realizar esta actividade, deve ser ajudado, uma vez que é importante o doente se sentir bem consigo.